quinta-feira, 26 de março de 2009

the truman show.

Será Deus um orgulho cultural? É aquela história; a maioria das pessoas acreditam simplesmente porque foram acostumadas e se um dia mudam de opinião, são vistas com olhos de decepção. Nessa pequena hipótese, talvez o socialismo científico foi bastante descreditado, pois, além do canibalismo infantil, os ideais semiateus e antireligião eram probabilidades eminentes e aterrorizantes.

Gostaria de arriscar no raciocínio: orgulho de ser algo, mesmo que não faça sentido nenhum e tal sentimento não traga nenhuma vantagem aparente à própria pessoa ou a qualquer outra coisa. Será que isso pode ser aplicado aos teistas em geral? Por exemplo, a épica guerra eterna que ocorre entre árabes e judeus. Por mais que seja por causa de petróleo, água, mangas ou cerejas, a herança cultural ali é violenta. O cara ali nasce ouvindo "aquele povo é a escória do Universo, baratas que devem ser esmagadas, exterminadas, não foram criados por Deus e nem mesmo pelo Diabo, são frutos do cruzamento de ladrões com prostitutas, fétidos por natureza, não honram a própria família e acreditam em divindades estranhas e hediondamente dizem que veneram o nosso mesmo Deus". Fora o fato de acostumar a criança a jogar pedras e repudiar tal etnia na escola ou na rua, pegar o paradigma vigente e convencer que o inimigo é o inverso de toda a moral. Fora todo o tipo de elogio que eu poderia ficar horas descrevendo, o que importa é que tudo é passado de pai pra filho e o pensamento se eterniza. Sinceramente, por mais errado e cruel que eu pareça ser, a guerra ali só vai acabar quando o Messias de um ou de outro chegar. Enquanto não chegar, o mundo assistirá o que eles sabem fazer de melhor, muito preconceituosamente falando.

Assim como foram com os antigos, que perduraram por milênios e tiveram suas crenças em constante desenvolvimento, nós ainda somos assim, creio eu. Antes mesmo da Mitologia Grega, os antigos acreditavam nos ancestrais. Parece estranho, porém quando você não tem nenhum conhecimento robusto e tecnicamente estudado a respeito de nada, um fenômeno corriqueiro como o nascimento é visto como um milagre totalmente indescritível (parece idiota, mas qualquer fenômeno até hoje que não é explicado, é conferido veementemente ao sobrenatural). Passou-se o tempo, muito porcamente descrevendo a História, as compreensões "evoluíram" em histórias para boi dormir. Daí, lê-se Héracles, Atená, Zeus e etc. Também existe a ideia de que as crenças foram desenvolvidas a partir de linguagem e aglutinação de crenças em cima de outras, acho que isso se chama "colagem". Isso também não é complicado de enxergar, ainda mais quando somos expectadores de algo que já passou (apesar de nesse caso eu acreditar que tal dinâmica não para).

Somos forçados a ter orgulho de onde nascemos, de nossas origens, da nossa cultura. Vê-se muito pobre com "orgulho da favela", algo que eu acho até meio patético, por eu entender que se você tem orgulho de algo que é fudido, um cara que tem muito mais que você vai ficar tranquilo e seguro, já que você está satisfeito com pouca merda. Nessa linha, mantém-se o statu quo e o ferrado permanece ignorante e orgulhoso de não ter porra nenhuma. Assim, confere-se uma certa harmonia à prática dos conceitos de propriedade privada.

Por que eu tenho que ter orgulho de onde nasci? Por que o mundo inteiro não pode ser meu? Para eu ter que um dia lutar a favor de quem não dá a mínima para a minha vida e só quer viajar para lugares que eu nunca vou conhecer e beber vinhos que provavelmente nunca vou ter condições de sequer pronunciar o nome? Viver é complicado em todos os aspectos. Não sei se sou hipócrita ao afirmar que me orgulho muito de onde nasci, de minhas origens e da cultura que me ensinaram. Tenho muito orgulho de tudo isso e de muitas outras coisas. E é do orgulho "bonito", não é o orgulho "deadly sin" (reitero que para mim, ambos são nocivos).

Acho que entendo que largar certa posição é extremamente doloroso. Ainda mais quando é uma posição em que você se encontra totalmente equivocado, desde o começo da sua vida. É mais fácil manter-se ignorante do que realmente admitir o vexame de que foi enganado o tempo todo. Eu cheguei em um ponto tipo o Show de Truman. Imagina se o protagonista percebesse tudo e falasse "mas minha vida é boa assim, vou fingir que nada está acontecendo e viver em paz" em vez de, como aconteceu no filme, querer liberdade? Sinceramente, teria sido um final muito inesperado se ele resolvesse ficar na "ilha". Daqueles finais que você ficaria puto, na realidade. Entretanto, ele te deixou feliz ao sair da ilha. E, apesar de não ter mostrado, ele pode não ter ficado feliz com o mundo que ele viu, mas sem dúvidas ele mandou um "putaquepariu" que vale mais que a vida de muita gente.

Meu sonho é descobrir por que há esse apego todo ao que não existe. Minha vida não piorou em nada depois que eu comecei a questionar, duvidar e finalmente execrar. Inclusive, me sinto até melhor por finalmente expressar o que eu penso sobre esse assunto. Se vai cair um raio em mim, que caia. Se bem que estou com a consciência tranquila. Ninguém acredita em Zeus faz tempo. Er... Tenho que ficar de olho no Rayden.

Abraços.

domingo, 15 de março de 2009

no-sense.

Não sou nenhum militante marxista, antes que alguém tente me definir sob estas diretrizes. E começarei esse texto logo com um insulto "recíproco":
Você é um hipócrita e eu tanto quanto. Por quê?

Na primeira aula que eu tive de Direito do Trabalho, a professora começou a lecionar sobre o histórico da situação do trabalho no mundo, utilizando-se da perspectiva da luta de classes. Irei direto ao assunto: a parte mais importante sempre será que os operários não tinham direitos e qualquer um poderia trabalhar na indústria, desde mulheres e crianças. O que eu achei bem patético foram os "nhoooom" quando se é lembrado que as crianças e quem quer que fosse simplesmente eram mutilados e depois sumariamente substituídos. O que me deixa indignado é que essas mesmas pessoas que se """"SENSIBILIZAM"""" (isso é um MUITO entre aspas) quando veem um caso de menor infrator, apenas desejam que esse moloque se exploda. Ele e toda a família composta de escória e o resto da periferia, que para muitos é só habitação de preguiçoso, ladrão e assassino.

Fora a aula de Direito das Coisas. Estou gostando das aulas. Porém, como quase sempre em todas as matérias, admiro as teorias em si, porque a prática é justamente o que faz a humanidade falhar. Direito Civil em geral não é nada mais do que proteger o patrimônio e é impressionante como todos ouvem a aula e dizem direta ou indiretamente "é claro que tem que ser assim!". Como anteriormente, esse mesmo tipo de imbecil em outra hora fala algo humanitário, pede igualdade social e diz que o governo que não faz nada.

Lembro-me das aulas de Direito Penal I e II, quando o professor apresentou fotos que mostravam a condição carcerária aqui no Espírito Santo. Foi absurda a quantidade de "absurdo"s que eu ouvi. Pena que não visitamos uma cadeia ativa. Porém, quando fomos a Viana, visitamos uma que estava quase pronta, um modelo estadunidense. Daquelas de filme. Nem faço ideia de como ela está, tomara que não esteja aquele lixo que por pouco não visitamos. O que importa é que é mijo em cima de bosta em cima de vômito em cima de sangue em cima de doença em cima de gente. Ai, que absurdo! Mas você, seu desgraçadozinho, ia adorar ver o moleque que roubou a sua mesada e seu celular com meningite, porque o que você carrega, e não é seu corpo, tem mais valor que a vida de qualquer um.

Enfim, esses dias eu estava no estágio e surgiu uma situação do nível "pepino" e tínhamos que achar argumentos favoráveis para o Instituto. E é da mesma maneira que você vai achando argumentos favoráveis, acórdãos e até sentenças, também se acha argumentos muito contra. É por aí que eu não acredito no Direito. Pois para qualquer coisa existe pessoas muito contra e pessoas muito a favor. Depois, ainda, depende do julgador contra, a favor, de bom humor, de mau humor, ou naquele dia só queria variar um pouco as suas decisões. Justiça e Direito são abstratos demais para serem levados a sério, pena que no mundo não funciona assim. Lei, então... Sempre aprendendo a relativizar uma, mesmo que muito óbvia literalmente.

Na realidade eu não sei aonde esse post vai chegar, então termino por aqui.
Ficou sem sentido, mas obrigado por ler até aqui.
beijosmeliga.