terça-feira, 18 de agosto de 2009

Miniguerra.

A miniguerra Globo X Record está no mínimo engraçada. As duas principais emissoras de televisão brasileira repetindo coisas que todo mundo já sabia de alguma forma, só que ninguém ligava ou comentava antes. Aliás, é surpreendentemente cômico como certas coisas simplesmente são meras teorias da conspiração antes de serem repetidas algumas vezes. Se alguém dissesse um por cento das coisas que a Record anda dizendo, esse alguém só seria um bobo que acredita em qualquer coisa "do contra". Fora que certas acusações contra a Universal existem há muito tempo. Só que nessa parte da briga, todo mundo é a favor da Globo. Afinal, quem gosta da Igreja Universal? É um ódio que eu nunca entendi muito bem a origem. Já parou para pensar nisso? Eu acho que se for para odiar algum "templo", eu não vejo razão para achar "amor" para qualquer outro. Se a Universal é tão podre como dizem, é porque ela cutucou quem deveria ter feito amizade. Um bom exemplo de política de boa vizinhança vem da nossa ilustríssima e amada Santa Sé. Para não perder poder, eles taparam os olhos até para o nazismo. E hoje em dia eles não são diretamente contra a homossexualidade. Jocoso, não?

Mas voltando à origem do ódio ao Edir Macedo e toda sua trupe cristã. Ninguém concorda comigo que boa parte das pessoas são podres e só o que falta é um puxãozinho de capuz? Roberto Marinho foi tão "Cidadão Kane" quanto Edir Macedo é, a questão é que boa parte das informações encontram-se num limbo onde poucas pessoas têm acesso. Edir Macedo sempre foi rival confesso da Rede Globo e não me estranharia em dizer que até eu não gosto sequer do semblante do Sr. Bispo justamente por causa da influência que a Rede Globo tem sobre qualquer cabeça brasileira, querendo ou não. É impressionante como a Igreja Universal parece um seguimento religioso "mais pior" que os outros. Enquanto os outros têm a mesma essência hipócrita e acima de tudo gananciosa e mentirosa. Justamente por isso que eu ando rindo de CATÓLICOS ou qualquer evangélico/crente que estão se deliciando com as acusações feitas à IURD. Não sei se vocês já viram aquela mansão maravilhosa que atribuíram como proprietário o Edir Macedo. Só por no google "Edir Macedo mansão". Hein, só uma coisa para se reparar: só digitar "Edir Macedo" que só vai aparecer coisa ruim, naquela ferramenta relativamente nova que sugere pesquisas. Primeira coisa é "Edir Macedo ensinando a roubar" e uma delas foi o que eu sugeri, que é a mansão. Logo, não precisa nem ter trabalho de digitar, até o google digita pra você. De qualquer modo, tal mansão de seis milhões, que até agora eu não sei se são em reais ou dólares (infelizmente eu não tenho nenhum dos dois no banco, muito menos em casa), prova o quê? Que ele rouba dinheiro de fiéis? Eu gostaria de lembrar um detalhe curioso. A Igreja Católica possui um país...

Nossa, parece que estou defendendo a Rede Record, a Igreja Universal do Reino de Deus e a maléfica gangue do Sr. Edir Macedo. Mas não, não estou defendendo ninguém não, só achei engraçado que eu não tinha reparado até agora que boa parte das pessoas que eu conheço não têm tolerância com a Universal, mas têm tolerância com a Igreja Católica, entre outros estabelecimentos comerciais, só que não fazem ideia que reproduzem um discurso totalmente posto pela Rede Globo.

Às vezes eu fico atordoado com esse assunto, ao ver pessoas que simplesmente não se atentam ao fato de que são levadas a pensar em qualquer coisa que sugerem. Fico atordoado por saber que muitos dos meus meus pensamentos simplesmente foram guiados por pessoas que simplesmente querem que eu pense de tal maneira. Muito desses pensamentos não se resumem apenas à cabeça. Resumem-se ao corpo inteiro. Do nojinho que você tem de insetos que muitas vezes são mais limpos que o seu cachorro que lambe a sua boca à aversão que temos de outras pessoas que só se parecem diferentes. Ando tentando entender a lógica de ser bom gostar de algumas coisas e ser ruim gostar de outras. Pergunte ao seus pais por que pode beber mas não pode fumar maconha. De alguma forma, aprenderam em algum lugar que quem fuma uma vez entra numa vida de ruína e que a cabeça não volta ser a mesma. O assustador é que têm certeza disso. E o pior... É que nem sabem por que têm.

Aquele negocinho do google que eu mencionei não sugere "maconha". Ele para no "macon" e sugere "maçonaria, maçon, macondo lugar".

Não tem como fugir.

quinta-feira, 26 de março de 2009

the truman show.

Será Deus um orgulho cultural? É aquela história; a maioria das pessoas acreditam simplesmente porque foram acostumadas e se um dia mudam de opinião, são vistas com olhos de decepção. Nessa pequena hipótese, talvez o socialismo científico foi bastante descreditado, pois, além do canibalismo infantil, os ideais semiateus e antireligião eram probabilidades eminentes e aterrorizantes.

Gostaria de arriscar no raciocínio: orgulho de ser algo, mesmo que não faça sentido nenhum e tal sentimento não traga nenhuma vantagem aparente à própria pessoa ou a qualquer outra coisa. Será que isso pode ser aplicado aos teistas em geral? Por exemplo, a épica guerra eterna que ocorre entre árabes e judeus. Por mais que seja por causa de petróleo, água, mangas ou cerejas, a herança cultural ali é violenta. O cara ali nasce ouvindo "aquele povo é a escória do Universo, baratas que devem ser esmagadas, exterminadas, não foram criados por Deus e nem mesmo pelo Diabo, são frutos do cruzamento de ladrões com prostitutas, fétidos por natureza, não honram a própria família e acreditam em divindades estranhas e hediondamente dizem que veneram o nosso mesmo Deus". Fora o fato de acostumar a criança a jogar pedras e repudiar tal etnia na escola ou na rua, pegar o paradigma vigente e convencer que o inimigo é o inverso de toda a moral. Fora todo o tipo de elogio que eu poderia ficar horas descrevendo, o que importa é que tudo é passado de pai pra filho e o pensamento se eterniza. Sinceramente, por mais errado e cruel que eu pareça ser, a guerra ali só vai acabar quando o Messias de um ou de outro chegar. Enquanto não chegar, o mundo assistirá o que eles sabem fazer de melhor, muito preconceituosamente falando.

Assim como foram com os antigos, que perduraram por milênios e tiveram suas crenças em constante desenvolvimento, nós ainda somos assim, creio eu. Antes mesmo da Mitologia Grega, os antigos acreditavam nos ancestrais. Parece estranho, porém quando você não tem nenhum conhecimento robusto e tecnicamente estudado a respeito de nada, um fenômeno corriqueiro como o nascimento é visto como um milagre totalmente indescritível (parece idiota, mas qualquer fenômeno até hoje que não é explicado, é conferido veementemente ao sobrenatural). Passou-se o tempo, muito porcamente descrevendo a História, as compreensões "evoluíram" em histórias para boi dormir. Daí, lê-se Héracles, Atená, Zeus e etc. Também existe a ideia de que as crenças foram desenvolvidas a partir de linguagem e aglutinação de crenças em cima de outras, acho que isso se chama "colagem". Isso também não é complicado de enxergar, ainda mais quando somos expectadores de algo que já passou (apesar de nesse caso eu acreditar que tal dinâmica não para).

Somos forçados a ter orgulho de onde nascemos, de nossas origens, da nossa cultura. Vê-se muito pobre com "orgulho da favela", algo que eu acho até meio patético, por eu entender que se você tem orgulho de algo que é fudido, um cara que tem muito mais que você vai ficar tranquilo e seguro, já que você está satisfeito com pouca merda. Nessa linha, mantém-se o statu quo e o ferrado permanece ignorante e orgulhoso de não ter porra nenhuma. Assim, confere-se uma certa harmonia à prática dos conceitos de propriedade privada.

Por que eu tenho que ter orgulho de onde nasci? Por que o mundo inteiro não pode ser meu? Para eu ter que um dia lutar a favor de quem não dá a mínima para a minha vida e só quer viajar para lugares que eu nunca vou conhecer e beber vinhos que provavelmente nunca vou ter condições de sequer pronunciar o nome? Viver é complicado em todos os aspectos. Não sei se sou hipócrita ao afirmar que me orgulho muito de onde nasci, de minhas origens e da cultura que me ensinaram. Tenho muito orgulho de tudo isso e de muitas outras coisas. E é do orgulho "bonito", não é o orgulho "deadly sin" (reitero que para mim, ambos são nocivos).

Acho que entendo que largar certa posição é extremamente doloroso. Ainda mais quando é uma posição em que você se encontra totalmente equivocado, desde o começo da sua vida. É mais fácil manter-se ignorante do que realmente admitir o vexame de que foi enganado o tempo todo. Eu cheguei em um ponto tipo o Show de Truman. Imagina se o protagonista percebesse tudo e falasse "mas minha vida é boa assim, vou fingir que nada está acontecendo e viver em paz" em vez de, como aconteceu no filme, querer liberdade? Sinceramente, teria sido um final muito inesperado se ele resolvesse ficar na "ilha". Daqueles finais que você ficaria puto, na realidade. Entretanto, ele te deixou feliz ao sair da ilha. E, apesar de não ter mostrado, ele pode não ter ficado feliz com o mundo que ele viu, mas sem dúvidas ele mandou um "putaquepariu" que vale mais que a vida de muita gente.

Meu sonho é descobrir por que há esse apego todo ao que não existe. Minha vida não piorou em nada depois que eu comecei a questionar, duvidar e finalmente execrar. Inclusive, me sinto até melhor por finalmente expressar o que eu penso sobre esse assunto. Se vai cair um raio em mim, que caia. Se bem que estou com a consciência tranquila. Ninguém acredita em Zeus faz tempo. Er... Tenho que ficar de olho no Rayden.

Abraços.

domingo, 15 de março de 2009

no-sense.

Não sou nenhum militante marxista, antes que alguém tente me definir sob estas diretrizes. E começarei esse texto logo com um insulto "recíproco":
Você é um hipócrita e eu tanto quanto. Por quê?

Na primeira aula que eu tive de Direito do Trabalho, a professora começou a lecionar sobre o histórico da situação do trabalho no mundo, utilizando-se da perspectiva da luta de classes. Irei direto ao assunto: a parte mais importante sempre será que os operários não tinham direitos e qualquer um poderia trabalhar na indústria, desde mulheres e crianças. O que eu achei bem patético foram os "nhoooom" quando se é lembrado que as crianças e quem quer que fosse simplesmente eram mutilados e depois sumariamente substituídos. O que me deixa indignado é que essas mesmas pessoas que se """"SENSIBILIZAM"""" (isso é um MUITO entre aspas) quando veem um caso de menor infrator, apenas desejam que esse moloque se exploda. Ele e toda a família composta de escória e o resto da periferia, que para muitos é só habitação de preguiçoso, ladrão e assassino.

Fora a aula de Direito das Coisas. Estou gostando das aulas. Porém, como quase sempre em todas as matérias, admiro as teorias em si, porque a prática é justamente o que faz a humanidade falhar. Direito Civil em geral não é nada mais do que proteger o patrimônio e é impressionante como todos ouvem a aula e dizem direta ou indiretamente "é claro que tem que ser assim!". Como anteriormente, esse mesmo tipo de imbecil em outra hora fala algo humanitário, pede igualdade social e diz que o governo que não faz nada.

Lembro-me das aulas de Direito Penal I e II, quando o professor apresentou fotos que mostravam a condição carcerária aqui no Espírito Santo. Foi absurda a quantidade de "absurdo"s que eu ouvi. Pena que não visitamos uma cadeia ativa. Porém, quando fomos a Viana, visitamos uma que estava quase pronta, um modelo estadunidense. Daquelas de filme. Nem faço ideia de como ela está, tomara que não esteja aquele lixo que por pouco não visitamos. O que importa é que é mijo em cima de bosta em cima de vômito em cima de sangue em cima de doença em cima de gente. Ai, que absurdo! Mas você, seu desgraçadozinho, ia adorar ver o moleque que roubou a sua mesada e seu celular com meningite, porque o que você carrega, e não é seu corpo, tem mais valor que a vida de qualquer um.

Enfim, esses dias eu estava no estágio e surgiu uma situação do nível "pepino" e tínhamos que achar argumentos favoráveis para o Instituto. E é da mesma maneira que você vai achando argumentos favoráveis, acórdãos e até sentenças, também se acha argumentos muito contra. É por aí que eu não acredito no Direito. Pois para qualquer coisa existe pessoas muito contra e pessoas muito a favor. Depois, ainda, depende do julgador contra, a favor, de bom humor, de mau humor, ou naquele dia só queria variar um pouco as suas decisões. Justiça e Direito são abstratos demais para serem levados a sério, pena que no mundo não funciona assim. Lei, então... Sempre aprendendo a relativizar uma, mesmo que muito óbvia literalmente.

Na realidade eu não sei aonde esse post vai chegar, então termino por aqui.
Ficou sem sentido, mas obrigado por ler até aqui.
beijosmeliga.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

"Deus salva e o médico manda a conta".

Algo que acho relevante dizer aqui são alguns motivos pelos quais sustento certas descrenças. Claro que não terei capacidade de elucidar com total clareza tudo o que eu penso.

Primeiramente, não acreditar em Deus não significa que levanto a bandeira da Ciência. Inclusive, eu tenho a convicção que a Ciência é tão viciada quanto às religiões. Digo isso pelo contexto fático. Em teoria toda religião é boa, todas pregam boas coisas que sem dúvidas visam um mundo de paz e felicidade. Já a Ciência, basicamente, serviria para a emancipação de conhecimentos e forneceria formas de enxergar a realidade da forma mais provável e lógica possível. Entretanto, a Ciência que realmente vincula é veiculada para vender e direcionar pensamentos. Se tal empresa patrocina tal pesquisa, é óbvio que os resultados publicados não serão "puros". Se a Ciência deve ser vista como um conceito abstraído e independente dos interesses de quem publica determinados resultados, também deveríamos enxergar as religiões como um método de engrandecimento espiritual.

O que eu quero dizer é o óbvio: enquanto ideia, é "simples" demonstrar e analisar conceitos. Enquanto aplicação, nada (ou quase nada) estará livre das influências externas. É como quando estudamos física na escola. Lembra? Estudávamos movimento uniformemente variado e movimento uniforme, queda livre, etc e nunca considerávamos o atrito, as variações caóticas de velocidade, a força dos ventos. Não considerar certas influências externas serve apenas para o âmbito zetético. Claro que não estou dizendo que você, em um estudo, não poderia considerar todas as influências externas. Porém, convenhamos que seria complicado considerar TUDO. Afinal, existe o acaso, a sorte e o fato de Deus não querer certas coisas (rooonc). Vale ressaltar que também não estou dizendo que o estudo de matérias abstraídas é inútil, longe disso, patético. Seria ignorar o planejamento das missões espaciais e tentar lutar contra uma das bases do Iluminismo. Só por nota de curiosidade: antes do Iluminismo, não haviam matérias separadas, por isso Leonardo da Vinci era pintor, inventor, estilista e web designer.

Outro ponto importante a ser levado em consideração é a extrema confusão de alguns ateus ao acharem que o sujeito que acredita em Deus é criacionista. Acordem, amigos. Aposto que nem o Papa crê na literalidade de Adão e Eva. Um amigo meu da faculdade lembrou-me de São Tomás de Aquino, um dos gênios da Idade Média. O santinho, com base em pensamentos aristotélicos, simplesmente mudou o rumo da Igreja, criando a ideia de que fé e razão estão no mesmo patamar e não se opõem. Sim! Na Idade Média o pensamento que rolava era esse! "Escolástica", lembrou do seu ensino médio?

Deu para perceber que uma das minhas propostas nesse blog é meio que a proposta (que eu entendi) do filme "Obrigado por Fumar". É não discordar por discordar ou concordar por concordar. Muitas pessoas deixam de fazer, fazem, acreditam ou desacreditam e nem sabem por quê. Só porque alguém supostamente mais entendido disse ou porque a maioria diz. O que eu vejo são muitas pessoas que se dizem ateias acreditando em qualquer pesquisa, independentemente de onde ela é publicada. Desde Revista Veja à Scientific American. Assim como a maioria das vezes um teísta acredita sem se aprofundar, às vezes um ateu valoriza qualquer informação que parece ter sentido. Já parou para pensar em quantas pesquisas estão em andamento na sua Universidade? Sim, centenas e quem sabe milhares. Aí no domingo o Fantástico divulga uma pesquisa de Havard falando que quem não fuma dá o cu e você ou começa a dar o cu ou fatalmente começa a fumar, porque foi um renomado cientista de Havard quem demonstrou por "a mais b" com sua amostra de mil pessoas de um pequeno vilarejo, com os laudos e relatórios de todos os exames psiquiátricos, anais, psicológicos e pneumológicos.

O problema é que a descrença geral é tão assustadora quanto a crença geral. Hoje existem métodos muito mais sofisticados para convencer alguém de algo. Tão refinados que atualmente você acha que está pensando sobre o assunto e ainda tem direito a réplica. No fim, você age como alguém quer, achando que é muito maravilhoso agir pela sua própria vontade. Não precisamos mais de Deus para te convencer.

Enfim. A minha descrença em Deus começou quando eu comecei dar mais valor à História. Quando Deus não foi pretexto de poder, violência e manipulação? No quesito "Deus ajuda, Deus salva", tudo fica ainda mais irônico. Deus ajuda você na cura do câncer. Por que raios Deus te meteu um câncer? Logo vem o argumento autossuficiente "para testar a sua fé". Sim, claro. Amigo, Deus é tipo pílula de matar a sede. Tome uma com auxílio de dois copos d'água e a sua sede vai embora. A diferença é que pelo menos aqui no Brasil Deus é mais caro que água.

Você consegue separar Deus de coisas oriundas da existência dele (sim, as merdas)? Eu consigo e acredito que você também consegue. A questão é que no mundo real, até hoje as pessoas se mutilam e se matam para mostrarem que têm a maior fé. E não se engane achando que o Brasil está livre dessa rivalidade. Católicos e não-católicos se desrespeitam entre si, já que alguns procedimentos e em alguns assuntos existem divergências (e quanto menos fiéis, menos arrecadação). O interessante é que todas igrejas concordam com o culto ecumênico. Vai lá e pergunta ao padre responsável por determinada igreja se ele deixa um pastor fazer um culto para a sua formatura. Aaah, deixa sim. Tenta.

O problema é que a proposta de respeito entre as religiões é bem hipócrita. Tão hipócrita quanto falar da ausência de preconceito racial no Brasil e que todos são iguais e livres. Entretanto, repito, manter a ignorância é lucrativo. O statu quo não pode variar.

Obs.: O dia que eu me candidatar à Presidência, terei de eliminar esses escritos. Porque católico só vota em católico e por aí vai.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

oras bolas.

Desconsiderem o que eu falei sobre os negros, índios e todos os povos não caucasianos. Eles têm alma sim. Inclusive, desculpe-me por eu tê-los torturado, massacrado e humilhado. Digo o mesmo sobre as pobres mulheres, mas elas pareciam uma ameaça, sabe? Não era minha intenção queimá-las depois de mutilá-las, não era mesmo. Inclusive, a gente nem concorda totalmente com aquele padre que queria marcar os homossexuais. No fundo, no fundo, os homossexuais também são gente, oras bolas! O que importa é que Deus perdoa, porque é claro que nós nos arrependemos. Nos resta rezar bastante, pagar aquela quantia todo mês e ofertar aquele trocadinho em toda celebração, certo? Afinal o representante da Trindade na Terra precisa liberar seus dejetos em cerâmica com diamantes e limpar o que sobrou em uma macia toalha banhada a ouro.
Ei, já agradeceu hoje? O quê?! Não?! Se você foi capaz de ler isso, tem mais do que motivos para ser feliz! Deus é justo.
Aleluia.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

no meio dos produtos.

É impressionante como somos produto do meio. E quase sempre seguimos a linha de raciocínio desse meio. Quem deixa de seguir uma vez, é automaticamente repreendido. Ou, se a ideia for boa demais, é raramente elogiado. A grande questão é que é difícil não pensar como o meio, ou pensar como você já está acostumado.

Já se deparou com situações em que você está tentando resolver, pensando, escrevendo ou construindo e do nada aparece aquela lâmpada em cima da sua cabeça? Às vezes é você mesmo que tem a ideia, às vezes é um pitaco de alguém, o que importa é que vem à sua mente "NOSSA! ERA ISSO" e normalmente é algo extremamente simples, que o fato de não ter pensado antes até assusta.

Monteiro Lobato dizia que todos deveriam ter uma boa negra trabalhando em sua casa. Ele foi racista? Se era eu não sei, porém em minha opinião ele apenas seguia o modelo do regime da época. São poucos que têm ideias realmente originais e são menos ainda aqueles que conseguem convencer outras pessoas de certos paradigmas. Vegetarianismo, por exemplo, boa parte dos vegetarianos tenta convencê-lo da prática, com inúmeros argumentos. Um destes consiste em afirmar que o animal irracional é tão animal quanto nós, sofre como nós e tem tanto direito como nós de sobreviver em paz. No meu âmago, creio que não vai demorar até que o mundo inteiro se toque que esse argumento é válido. A gente "já" acha que índios, negros, homossexuais e et cetera têm direitos plenos, apesar da hipocrisia. Índios, negros, homossexuais e et cetera ainda se dão mal, se dão mal e muito. Quando aparece algo para amenizar o mal, as pessoas esperneiam, reclamando a disparidade de direitos. O que eu quero dizer é o seguinte: mudar não é fácil. O jeito que você está acostumado é muito mais confortável. Entretanto, acredito que a tendência é admitirmos gradativamente que todos os seres estão no mesmo patamar de evolução. Sim, não é novidade para ninguém que descendemos da mesma célula e a sucessão de acasos formou a fauna e a flora. E ainda forma e desforma.

Claro que sempre aparece um retardado e uma legião de retardados que querem involuir certos pensamentos que versam sobre respeito. Geralmente esse "um" é um malandrão que se aproveita de algum ponto fraco social e se vale dos argumentos mais imbecis para manipular toda uma população ignorante. Exemplo? "Vamos atacar os países x porque eles nos ameaçam com seus terroristas patrocinados constantemente!" Sempre rola o discurso do medo. Por exemplo, esses programas de televisão que exploram a violência e incitam o ódio às camadas desprestigiadas pecuniariamente, por vezes de maneira bem direta. "Pena de morte! Tem que tacar esse filho da puta na jaula!" E blablablá. Não quero (ao menos nesse texto) fazer nenhum apelo humanitário, mas é bom você lembrar que existe detento ladrão de leite-em-pó porque vê o filho passando fome (cabe ressaltar que furto famélico não é crime, porque o estado de necessidade elimina a ilicitude do fato - obviamente cabe ao juiz distinguir as situações) e é esquecido numa clausura com capacidade para seis pessoas, que comumente tem cinqüenta e quatro pessoas ou muito mais, normalmente em cima de bosta, mijo, vômito, sujeito a qualquer tipo de doença, humilhação e todos sabem que quando esse cara sai, ele viverá com o fardo eterno de criminoso, detento, desonesto. Fora que esse infeliz normalmente não vai ter apoio nenhum de ninguém, porque ninguém que ele conhece tem condições de dar apoio. Um professor meu, outrora juiz-diretor da Vara de Execuções Penais, disse que o ex-detento saía sem NENHUM DOCUMENTO, DINHEIRO, apenas com a roupa do corpo. Vamos às abstrações: esse cara não saía com nenhum tipo de perspectiva. Depois de ser torturado, humilhado e contraído moléstias, esse infeliz quer ver todo mundo explodir, inclusive você. Vou parar por aqui, fugi sinistramente do assunto.

Já reparou como é complicado ser ou fazer algo diferente das praxes? Fale com seus pais que para você Deus não existe. Seus pais acharão que você está perdido. Em certos ambientes é até melhor não dizer o que pensa, pois tirar os ignorantes da caverna é algo perigoso. O ignorante tem argumentos autossuficientes do tipo "se você não é marxista, você é manipulado pela globo"; "se você não crê em Jesus como seu salvador, é porque está com o demônio", "se você é a favor da liberação da maconha, você é um maconheiro e colabora com a violência"; entre outros argumentos próprios de gente cega, que nunca parou para raciocinar sobre qualquer assunto. Apenas reproduz o que lê, escuta ou assiste, utilizando-se de pobres argumentos de autoridade. Antes de eu tentar ser contra algo, eu tento descobrir ao máximo o que é ser a favor. Quando nascemos e adquirimos um mínimo de intelectualidade, automaticamente recebemos rajadas de informações sobre o que é certo ou o que é errado. Inclusive, acredito que a gente aprende mais o que é errado do que certo. Todavia, parte dos errados é apenas discurso tacanho, oriundos de um contexto que nem se sabe por que é errado. Lembra da velha história do abacaxi com leite? Por que é errado usar drogas? Droga só é droga quando está no Index Drograrium Proibitorium da ANVISA? E você que bebe, fica bêbado, passa mal e faz merda? É mais certo usar drogas que não estão em uma lista que as proíbe?

Viver em um mundo de ignorantes, sem dúvidas, é lucrativo para muitos. É possível vender toda gama de quinquilharias inúteis, mas são tidas tão valorosas e surpreendentes como o gelo em Macondo. É possível inventar qualquer tipo de crença ou modificar algumas para setecentos milhões de pessoas seguirem no mesmo dia e doarem vinte e seis por cento dos seus salários mixurucas para qualquer orador que vai embolsá-lo morrendo de rir da sua capacidade de discernimento.

É tão fácil influenciar pessoas que antes ninguém nem conhecia a Apple direito, ninguém entendia a piadinha da maçã, sobre a carta de Stevie Jobs para o Forest Gump, agora com a modinha de Ipod, se fala em "applemaníacos" com muito mais frequência. E a moda ser de algum estilo? Nerd está na moda, por sinal. Amigos meus me chamam de nerd ou geek tem muito tempo, olha que as minhas características físicas estão longe do estereótipo trivial. Somos produto do meio, só que uns agem com naturalidade e outros não. Eu não preciso comprar, vestir, ler, assistir, acreditar ou gostar para me sentir bem, inserido.

Ateísmo um dia será moda e não ter crenças porque alguém mandou vai ser cult. Irônico, não?
Abraços, produtos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

criar e destruir.

O discurso. Suficiente para criar ou destruir qualquer coisa existente ou inexistente. Sou estudante de Direito (isso não significa muita coisa) e vejo isso o tempo todo, teoricamente e na prática. Creio que "Deus" é o maior fruto do discurso, a invenção mais criativa de todos os tempos. Por isso, Ele provavelmente será o objeto principal das indagações e divagações que pretendo expor aqui. Na realidade, serão praticamente desabafos, certos assuntos que eu não consigo parar de pensar em certos momentos e quero registrá-los em algum lugar, para não se perderem, ou, para ver como eu mesmo mudo durante o decorrer do tempo.

Os pensamentos que eu pretendo publicar aqui serão tentativas de argumentar de vários lados, mesmo não consistindo na minha opinião. Digamos que serão majoritariamente masturbações mentais, ideias e devaneios que tenho na rua, no ônibus, no carro, na bicicleta, na sala de aula, no banheiro, no cavalo, no telhado, aqui, ali e acolá.

Boa parte do mundo acredita em tudo o que dizem, outros não acreditam em nada, mesmo com evidências plausíveis. Alguns são apenas chatos, outros tentam pensar demais. O mais comum são pessoas que simplesmente não têm oportunidade ou vontade (muitas vezes devido o contexto social) de saberem o que realmente acontece, ou pelo menos, o que é mais próximo da realidade.

O meu grau de incerteza sobre certos assuntos é muito alto. Por isso comecei esse texto com "O discurso". Tudo depende dele, da sua sofisticação, sua capacidade de dobrar qualquer evidência. Já dizia Goebbels que uma mentira dita mil vezes, vira verdade. De fato, muitas vezes o discurso nem precisa ser rebuscado. Apenas precisa ser repetido, incessantemente; e isso faz parte da "sofisticação". Às vezes, só precisa de um sentimentalismozinho e muita gente falando as mesmas nojeiras ao mesmo tempo. Algo engraçado: boa parte das pessoas que eu questiono "por que você acredita em Deus?" responde "pô, fui criado assim, minha família toda acredita". Impressionante que não param para pensar por que PENSAM.

Há pouco interesse na história de certas crenças. Nem me refiro às atrocidades praticadas sob a égide de bandeiras religiosas, e sim, sobre a evolução dos pensamentos, de como surgiram e como foram aceitos pelo povo da época. Uma hora acreditam no poder dos ascendentes mortos, outra hora em gigantes com um olho só e outra em barbudos cabeludos que desafiam as leis da física e da natureza.

O interessante é que atualmente se alguém for pobre, barbudo, cabeludo, ou os dois e tiver idéias caóticas sobre como o mundo funciona e ainda se dizer o filho do Sol, você pode ter certeza que este seria mais um excluído que pede dinheiro. E se você souber que este maluco com doze anos deu aulas para doutores? Você vai pensar "era um prodígio e o governo não fez nada para amparar o infeliz!".

Enfim, nesse blog não sou contra nada. Apenas quero propor discussões sobre assuntos variados, sem tentar convencer, sem pragmatismo, todavia sempre com intenções.